As imagens que se seguem reportam à concepção de um graminho para desenhar a curvatura elíptica dos vaus, com uma relação de 1/30 entre a flecha e a recta do vau, segundo um esquema geométrico muito simples usado desde a Antiguidade. Seguimos aqui os passos da aluna Margarida Gaia, sendo que nestas coisas de traços e desenhos, por norma, as senhoras revelam um sentido estético mais apurado, o que é uma mais valia ao nível da imagem e da compreensão.
Começa-se por traçar uma linha recta com o valor máximo do comprimento da recta do vau. Neste caso 30 cm são suficientes. Divide-se, de seguida, a recta em 8 segmentos equidistantes com 3,75 cm cada, denominadas compartidas. Com excepção do ponto inicial e do ponto terminal coloca-se a ponta do compasso e traça-se um meio círculo com o comprimento do raio equivalente a 1/30 da recta do vau. Sendo que a recta do vau tem 30 cm, o raio do meio círculo, equivalente à flecha do vau, terá 1 cm.
Cada meio círculo é agora dividido sequencialmente em ¼ , 1/8 e 1/16 de círculo. Apenas se usa o esquadro para determinar o ¼ de círculo, sendo que as restantes divisões são realizadas de forma muito científica a “olho”. A linha imaginária que sobe na perpendicular da recta do vau até ao ponto assinalado no perímetro do círculo chama-se compartição.
A linha elíptica que nasce no início da recta do vau e que, subindo, passa pela primeira compartição da primeira compartida, pela segunda compartição da segunda compartida, pela terceira compartida e que após a quarta compartida começa a descer seguindo as compartições seguintes das compartidas, forma a curvatura perfeita para os vaus. Este esquema aqui aplicado para uma relação 1/30 entre a recta e a flecha do vau pode ser aplicado noutras proporções segundo a vontade do construtor.
Os vaus foram desenhados pelo graminho e são agora nivelados em altura segundo o tosado do convés. Embalados na construção esquecemo-nos de que era necessário remover uma baliza para o poço. Prontamente corrigido na última imagem desta série, temos os vaus prontos para acolher o primeiro forro do convés.
Uma pausa na narrativa construtiva para destruir um primeiro forro de convés depois de se ter verificado que o tosado era pouco pronunciado. Para levar a boa obra à perfeição é muitas vezes necessário começar e recomeçar de novo e o bom modelista tem de manter a generosidade aberta para destruir aquilo que não fez da melhor forma. Aproveito para registar a persistência do aluno Mário Branco que preferiu perder alguns dias de trabalho a deixar a sua muleta seguir com um convés com pouca curvatura.
Primeiro forro do convés completo.O poço foi forrado com lamelas de bétula bem como as respectivas anteparas.Traçou-se, no primeiro forro do convés, umas linhas que simulam o lugar dos vaus onde irá cair o topo das tábuas do forro. Os topos das voltas devem deixar um intervalo de quatro tábuas antes de caírem no mesmo vau.
No interior do poço colocou-se as cavernas e os braços. O barco levou um forro interior na borda e o trincaniz circunda o forro do convés fazendo remate entre a coberta e a amurada.
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